O projeto do Museu Marítimo do Brasil nasce de condições excepcionais em diversos aspectos, notadamente em relação ao Rio de Janeiro como cidade histórica e à paisagem cultural da baía de Guanabara. Seu entorno imediato concentra um conjunto patrimonial cujos valores foram e são essenciais para a construção da identidade nacional. Desde a Praça XV, que testemunha a transição do Brasil colônia, pelo Brasil Império e finalmente República, passando pela casa França-Brasil, fruto da Missão Artística Francesa, até a avenida Presidente Vargas, gesto urbano de modernização do século XX, a área envoltória do projeto é em si um museu a céu aberto, abarcando imensa pluralidade de bens.
O reconhecimento da importância da linha paisagística recortada (tanto pela paisagem natural quanto a artificial) que marca o fim do plano aquático foi o principal pressuposto gerador do partido, um simples pavilhão elevado do solo que permita que o pier, terra ganha sobre o mar, seja uma oportunidade urbana ao requalificar o passeio e abrigar diversos usos públicos do programa, oferecendo-o às pessoas e culminando em um mirante em sua ponta. O museu define, portanto, uma linha de luz na paisagem, marcante pela sua escala e não por alegorias formais que competiriam com o desenho exuberante do horizonte.
Além dos percursos exclusivos que fazem parte do circuito museológico, a proposta procura oferecer à cidade uma gama de espaços inclusivos, de livre apropriação pelas pessoas, garantindo novas experiências culturais e contemplativas.