Os conceitos que direcionaram a presente proposta partem da convicção de que equipamentos públicos como a UBS do Gurugi devem desempenhar - além de suas funções primárias – a sua vocação como catalisadores da vida social e cívica, principalmente quando inseridos em um contexto caracterizado por uma ocupação rarefeita e pela fragilidade dos espaços públicos.

Buscou-se explorar a temática da arquitetura hospitalar de maneira a transcender antigos paradigmas comumente associados aos espaços de saúde, essencialmente impessoais e assépticos. Com uma abordagem mais sensível e humana, procurou-se traduzir significado social e ambiental na forma construída, com equilíbrio entre a performance funcional e sustentável, a economicidade e a humanização dos espaços. 

O programa se divide com clareza em três blocos alternados por vazios e que condensam as funções básicas do projeto: recepção e uso social junto ao acesso; consultórios na porção central e as atividades de apoio e serviços no último bloco. A tipologia horizontal é adequada às atividades requeridas e ao lugar urbano em que se insere, além de se aproximar da dimensão humana pretendida.
Além de prover espaços qualificados e garantir o acesso digno às condições básicas de saúde para a população local, a UBS proposta funciona como um espaço público democrático e de uso comunitário. A solução arquitetônica busca responder de maneira adequada às demandas do edital compreendendo as características locais da Comunidade Quilombola do Gurugi, com austeridade arquitetônica e simplicidade construtiva, cuja expressividade é baseada em elementos essenciais e econômicos, sem contorcionismos formais ou materialidade extravagante.